Resenha: Bioshock: Rapture - John Shirley

10 fevereiro 2014


Bioshock: Rapture, de John Shirley, conta a história de como no final da Segunda Guerra Mundial, após as bombas de Hiroshima e Nagasaki, um homem extremamente rico, chamado Andrew Ryan decide criar uma cidade utópica livre de impostos e taxas para o Estado, livre do comunismo e dos sindicatos trabalhistas. Livre das leis do comércio, que ajudam os incompetentes e dificultam um homem capaz e trabalhador de crescer mais na economia e no mercado; livre dos preconceitos sejam raciais ou sexuais, que evitam com que as pessoas que sofrem com eles tenham suas habilidades e ideias ignoradas; livre da moral e da ética, que freiam tantos projetos, invenções e pesquisas; e, principalmente, livre da ameaça de uma guerra nuclear, que provavelmente levaria ao fim da humanidade.

Andrew Ryan, ou Andrei Rianofski, como era chamado antes de se mudar para os E.U.A. e enriquecer, quando criança se viu forçado a emigrar da Rússia após seu pai criticar o governo comunista e começar a ser perseguido e depois caçado pelas autoridades russas. Andrew descobre petróleo e começa a se enriquecer e investir, formando seu império econômico. A ameaça da Segunda Guerra faz com que Andrew comece a estudar a possibilidade de construir uma utopia isolada do mundo que ele acreditava estar fadado à destruição.

Ryan convoca as mentes mais geniais e inovadoras para ajuda-lo a construir sua cidade utópica no fundo do oceano Atlântico. Como Ryan quer que sua cidade esteja completamente isolada do mundo exterior, a construção é mantida sobre completo sigilo. Porém, devido à grande movimentação de material, dinheiro e pessoal, o governo dos E.U.A. começa a investigar o que Ryan planeja. Quando um dos agentes do FBI começa a investigar o porto onde os navios de Ryan eram reabastecidos com materiais e etc., Frank Gorland, criminoso e ladrão de identidades, dono do bar do porto, toma conhecimento da empreitada grandiosa feita por um ricaço em alto mar. Após muito investigar, Gorland descobre sobre a cidade submarina e consequentemente sobre a companhia de pesca, que se localizava no mesmo porto e que era uma das responsáveis pelo reabastecimento de suprimentos em alto mar. Gorland compra a companhia do capitão Frank Fontaine e acaba  matando o capitão e roubando sua identidade.

Ryan começa a receber os habitantes de sua cidade utópica em sigilo, que constituem pessoas visionárias, com grande potencial, as mais talentosas e habilidosas de suas áreas e, em alguns casos, milionários de grandes negócios. Mas o que Ryan em alguns casos não falou, ou em outros as pessoas não levaram tanto em conta, é que, uma vez em Rapture, não há como voltar.

Frank Gorland, que agora reponde pelo nome de Frank Fontaine, continua comercializando com as embarcações que se encontram acima de Rapture e, após muita conversa, convence Ryan a deixar ele e sua tripulação entrarem na cidade.

Após algum tempo, Rapture atinge seu auge, quando o mercado prospera livremente e todos possuem chances. A ciência progride numa tremenda rapidez, já que não há moralidade, ética ou leis para barrar os experimentos. Como Frank Fontaine é um dos únicos autorizados a voltar à superfície para pescar, ele começa a contrabandear artigos do mundo da superfície proibidos na cidade, como artigos religiosos e produtos de bem de consumo. Esse contrabando possibilita a Frank enorme crescimento, tanto de seu poder econômico como de sua influência dentro de Rapture.

Quanto ao avanço da ciência, uma dupla se destaca: o Dr. Shushong e a Dra. Tenenbaum. A princípio, contratados por Ryan para pesquisarem e inventarem qualquer coisa que pudesse ser comercializada, ou ajudarem a facilitar os problemas de Rapture. Um desses projetos são os “mergulhadores das profundezas”, constituição metade máquina e metade humana, para trabalhar na manutenção do exterior da cidade em profundidades extremas que os trabalhadores normais não conseguiam alcançar, mais conhecidos por Big Daddy.

Depois de serem convencidos a deixar Ryan e trabalhar para Fontaine, os cientistas descobrem as lesmas marinhas que produzem a matéria prima dos plasmids, substâncias que possibilitam reescrever o DNA humano para fornecer às pessoas habilidades incríveis. Apesar de as lesmas serem encontradas no fundo do mar, não são encontradas em grandes quantidades e também não conseguem fornecer um grande volume de ADAM e EVE para a produção de plasmids.

Após inúmeros testes com cobaias humanas, o Dr. Shushong e a Dra. Tenenbaum descobrem que a melhor forma de produzir as substâncias é colocar as lesmas como parasitas nos estômagos de meninas e fazer com que as lesmas produzam as substâncias nos estômagos delas e dalí são extraídos o ADAM e o EVE. Sabendo disso, Fontaine constrói o Orfanato das Little Sisters. Com o aumento da produção de plasmids, as meninas passam a ser sequestradas. Com a grande produção e venda de plasmids, inúmeros habitantes de Rapture passaram a compra-los para possuírem poderes e habilidades incríveis. Mas, o problema é que os plasmids são extremamente viciantes e produzem deformações nos corpos das pessoas como se fossem tumores.

Como as pessoas que iam para a cidade não podiam voltar para a superfície, um grande contingente de trabalhadores que participaram da construção da cidade, que agora estava pronta, se encontravam extremamente revoltados e insatisfeitos vivendo na miséria em um setor de Rapture.

Outro problema era que em Rapture não havia um governo para cobrar, impor leis para proteger a economia e as pessoas sem grande aquisição monetária, assim, a falta desse governo muitas vezes trazia malefícios como a falta de proteção das pessoas e um controle que impossibilitaria que um indivíduo só dominasse todo um ramo da economia. Pessoas começaram a se matar por inúmeros motivos: concorrências de comércio, para servirem como cobaias de experiências brutais, para conseguirem mais plasmids ou dinheiro para comprar os mesmos.

Foi então que Ryan contratou a Dra. Sofia Lamb, uma psiquiatra com grande potencial e extremamente habilidosa, para convencer os trabalhadores a compreenderem que Rapture é uma grande oportunidade para eles e que não devem se rebelar contra Ryan.

Sofia Lamb vê uma oportunidade de transformar Rapture em um paraíso e começa a influenciar as pessoas que trata para que a apoiem e que a ajudem a dominar a cidade. Fontaine descobre as intenções de Lamb e percebe que para dominar a cidade ele necessitaria que a grande parcela da população que vive insatisfeita o apoiassem na tomada de controle da cidade. Mas, para isso, ele precisa de alguém em quem o povo se inspire, e esse alguém é Atlas (que se diz ser um dos integrantes dos trabalhadores desempregados e revoltados). Ryan, vendo que a segurança da cidade estava por um fio, resolve estipular regras, a policiar pessoas, principalmente Lamb e Fontaine, e estabelece uma força policial para a cidade. É nesse caos e disputa por poder que Rapture começa a deixar de ser um sonho para se tornar um verdadeiro pesadelo.

Bioshock: Rapture é um livro completo, já que ele foca principalmente na história da cidade e em toda a trama que origina as histórias dos jogos Bioshock e Bioshock 2, e mesmo assim nenhum conhecimento prévio dos jogos é necessário para acompanhar o livro.

Para aqueles leitores que jogaram os jogos e assim como eu não tiveram a paciência de ler todas as inúmeras gravações feitas pelos habitantes de Rapture para contar as histórias, tanto suas como da cidade, encontradas nos jogos, o livro é a melhor forma de descobrir as origens da cidade submersa, já que ele apresenta uma história concisa e simplificada. A cada capítulo está escrito o ano e a localização em que a cena a ser contada ocorre, fazendo com que o livro flua muito bem (porém o leitor tem que tomar cuidado e não pular a data e a localização, pois ele se sentirá perdido, já que alguns lapsos de tempo entre os capítulos são maiores que meses às vezes).

O problema do livro é que há muitos erros, que parecem ser ocasionados por pura falta de revisão, ou pela tradução e/ou impressão. Mas em uma visão geral, eu recomendo esse livro para todos que gostam de uma boa trama e que gostarão de presenciar o comportamento humano em uma espécie de aquário às avessas. Recomendo também às pessoas que nunca jogaram nenhum Bioshock, pois certamente irão querer jogar; e para aqueles que já jogaram, acho fundamental que leiam o livro, já que ele conta não só a história da cidade utópica como também a origem dos protagonistas e de vários personagens dos dois jogos.

Nota: 4/5 (Ótimo)

Editora: Novo Século
Tradução: Caio Pereira
Páginas: 406
Ano: 2013

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Até mais! Rica

10 fevereiro 2014

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3 comentários:

  1. Gostaria de saber onde adquirir um :(

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    1. Você pode verificar na Livraria Cultura: www.livrariacultura.com.br. ;)

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  2. Ótimo livro, trata questões sociais, econômicas e religiosas de uma forma bem interessante. Além disso, mostra que, indiferente do lugar onde o ser humano esteja, sempre tentará ter mais poder que o próximo.

    Ricardo Batista parabéns pela resenha.

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